Água de Barrela – Eliana Alves Cruz
- Talita Chahine
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
Um retrato implacável da dor, da resistência e da herança ancestral que atravessa séculos.
Oi gente ...
Tudo bem com vocês ???

Existem livros que transformam. Que não apenas contam uma história, mas fazem o leitor senti-la na pele, no sangue, no osso. Água de Barrela é um desses livros.
Eliana Alves Cruz reconstrói, com uma sensibilidade brutal, a trajetória de sua própria família desde o momento em que foram arrancados à força de sua terra natal na África e trazidos para o Brasil escravocrata — especificamente para a Bahia, uma das principais portas de entrada da escravidão no país.
A narrativa começa onde a história oficial prefere silenciar: nos porões dos navios negreiros, nos gritos abafados, nas correntes, na separação brutal de famílias. E nos transporta, com uma escrita visceral e envolvente, por mais de um século de opressão, luta, dor e, sobretudo, resistência.
Mesmo com a assinatura da Lei Áurea em 1888, a liberdade prometida não chegou de verdade. O racismo, a exclusão, a pobreza e a falta de direitos continuaram (e continuam) sendo heranças diretas da escravidão. O livro nos lembra disso com cada página.
Mas Água de Barrela não é só sobre dor.
É também sobre amor. Sobre mulheres negras que resistiram com coragem. Que criaram seus filhos sozinhas, que cuidaram umas das outras, que ensinaram a sonhar mesmo quando tudo ao redor dizia que não valia a pena.
É sobre mães e filhas, sobre histórias que resistem ao apagamento. Sobre força coletiva, ancestralidade e fé.
A escrita de Eliana é potente. Sem floreios desnecessários. Sem suavizar. Cada capítulo é um soco e um abraço. Uma ferida aberta e um colo que acalma.
Água de Barrela é, acima de tudo, memória viva. É um livro necessário, urgente e emocionante. Que dói, mas cura. Que revolta, mas inspira. Que escancara o passado para que possamos enxergar melhor o presente — e, quem sabe, construir um futuro mais justo.
Leia. Sinta. Lembre.
Bom é isso gente ...
Vejo vocês no próximo !
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