Resenha: Metrópolis – Thea von Harbou
- Talita Chahine
- 22 de set.
- 3 min de leitura
Um clássico da distopia que reflete sobre poder, desigualdade e o fio tênue que sustenta toda tirania
Oi gente...
Tudo bem com vocês ??

A Obra
Publicado em 1925, Metrópolis é um romance distópico escrito por Thea von Harbou, roteirista e escritora alemã. A obra nasceu em paralelo ao roteiro do filme homônimo dirigido por Fritz Lang, marido de Thea na época. O livro e o filme se completam, trazendo uma reflexão sobre poder, exploração e a fragilidade das sociedades autoritárias.
A Cidade Perfeita?
Na superfície, Metrópolis é uma cidade futurista, símbolo de perfeição e progresso. Joh Fredersen, o criador e governante, controla tudo com punhos de ferro, garantindo que a engrenagem da cidade nunca pare. Porém, essa harmonia é construída sobre a desigualdade: enquanto a elite vive em luxo, trabalhadores anônimos são sacrificados às máquinas, sustentando o sistema com suas próprias vidas.
Freder e o Olhar Crítico
Freder, filho de Joh, é a peça que quebra o equilíbrio. Ele enxerga o abismo entre os que vivem no topo e aqueles que trabalham até a exaustão no subsolo. A partir de seu olhar, o leitor é levado a questionar a própria base do poder, e como basta um único ponto de ruptura para que toda tirania se fragilize.
Temas Centrais
A narrativa mostra que o poder absoluto é mantido apenas por um fio — o medo e a submissão. Mas, quando alguém começa a questionar, a estrutura se torna instável. O drama se intensifica quando Joh percebe que a maior ameaça à sua ordem perfeita não vem de fora, mas de dentro da própria cidade que criou.
Contexto Histórico
Metrópolis foi escrito na Alemanha da República de Weimar, um período de instabilidade política, econômica e social após a Primeira Guerra Mundial. Era uma época marcada por contrastes: de um lado, avanços tecnológicos e artísticos; de outro, miséria, inflação e o fortalecimento de ideologias extremistas.Esse pano de fundo influenciou profundamente a obra, que dialoga com as tensões da época — a mecanização crescente, o medo da desumanização e a luta entre classes sociais.
A Autora
Thea von Harbou (1888–1954) foi uma figura marcante da literatura e do cinema alemão. Escritora prolífica, tornou-se ainda mais conhecida como roteirista, tendo colaborado em obras fundamentais do expressionismo alemão, como Metrópolis e Dr. Mabuse.Sua carreira, no entanto, foi controversa: após a ascensão do nazismo, Thea se alinhou ao regime, enquanto Fritz Lang deixou a Alemanha. Essa escolha política marcou sua trajetória, mas não diminui a importância literária e cinematográfica de suas criações.
📜 Linha do Tempo de Metrópolis
1924 – Thea von Harbou escreve o romance Metrópolis paralelamente ao roteiro do filme de Fritz Lang.
1925 – Publicação do livro pela primeira vez na Alemanha.
1927 – Estreia do filme Metrópolis, considerado uma das maiores obras do cinema expressionista alemão. Apesar de cortes e críticas na época, torna-se referência mundial.
1930–1940 – O nome de Thea von Harbou passa a ser associado ao regime nazista, afetando a recepção de sua obra.
1954 – Morte da autora em Berlim.
Décadas de 1960–1980 – O filme passa por restaurações, sendo redescoberto por novas gerações.
2010 – Uma cópia quase completa do filme é encontrada na Argentina, permitindo a restauração mais fiel da obra.
Hoje – Tanto o livro quanto o filme são considerados marcos da ficção científica e da crítica social, influenciando desde o cinema até a literatura cyberpunk.
🎬 Impacto de Metrópolis
No cinema: O filme inspirou diretores como Ridley Scott (Blade Runner), George Lucas (Star Wars) e até elementos visuais de Matrix.
Na literatura: O romance ajudou a consolidar a ficção científica distópica como gênero literário.
Na cultura pop: A icônica figura da Maschinenmensch (a Mulher-Máquina) se tornou símbolo de debates sobre tecnologia, poder e identidade.
Na sociedade: Continua sendo estudado como uma alegoria da industrialização, da luta de classes e dos perigos do totalitarismo.
Uma Obra Atemporal
Metrópolis continua sendo uma leitura atual, mesmo cem anos após sua publicação. Ao abordar temas como desigualdade, tirania e resistência, o romance de Thea von Harbou nos mostra que sociedades só permanecem de pé enquanto aceitamos as engrenagens que as movem. Uma reflexão épica sobre o poder e seus limites.
Bom é isso gente...
Vejo vocês no próximo !!
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